“O justo viverá pela fé”
Recentemente num artigo com referência a palavra “outro” apresentei o uso deste vocábulo a em relação à obra do Espírito Santo, como sendo outro tipo de consolador. Um Consolador igual a Jesus.
No entanto, mencionei que há duas palavras no idioma em que o Novo Testamento foi escrito. Agora desejo retornar a esta palavra e salientar o outro sentido dela. Acha-se no lamento lançado por Paulo às igrejas da Galácia, a saber, “Admira-me que estejais passando tão depressa […] para outro evangelho” (Gálatas 1:6). Eis então a palavra em foco, isto é, “outro”.
Nesta ocasião não foi a mesma palavra usada em relação à obra de consolação do Espírito Santo […] sendo um consolador igual àquele de quem falou — Jesus Cristo.Paulo ficou tão constrangido com o desvio das igrejas que usou uma palavra muito significativa, mas traduzida simplesmente como “outro”.
O seu significado foi perdido por falta de uma distinção na língua portuguesa como houve nos tempos de Paulo. Por isso então recorri à concordância grega, meu mais importante livro, que registra que essa palavra foi usada quase 100 vezes no Novo Testamento.Seu sentido básico é ser algo que não é da mesma natureza, forma, classe ou espécie, por isso a diferença.
Quando Cristo falou da Sua segunda vinda (Lucas 17:3-36) Ele advertiu aos ouvintes do perigo de não estarem prontos para aquele encontro. Descreveu o caso de dois homens juntos no mesmo local quando um seria repentinamente levado para a presença do Senhor, mas o “outro” seria deixado. Eram homens diferentes. Semelhantemente, as duas mulheres moendo no campo, quando uma delas seria tomada para a presença do Senhor, mas a “outra” seria deixada. Houve algo diferente com as duas e não seria difícil descobrir a diferença! Nos dois casos um teria sido regenerado sendo seguidor de Jesus Cristo, mas os outros seriam completamente “diferentes”, não regenerados.
O apóstolo Paulo passou duas vezes pela região da Galácia. As igrejas cresceram, mas durante a sua ausência, os judaizantes aproveitaram a oportunidade para plantar dúvidas quanto ao seu apostolado e introduziram o legalismo também judaizante. Deturparam o evangelho, no qual o “Justo viverá pela fé” e não pelas leis expressas do testamento dos quais eram cumpridores na obra redentora de Jesus Cristo. Paulo chamou isto de um “outro” evangelho. Veja bem então o significado principal deste “outro.” Um evangelho que não é da mesma natureza, forma, classe, espécie, ou seja, diferente da mensagem neotestamentária que Paulo lhes introduziu.
Se existia um “outro” evangelho nos dias de Paulo, certamente, hoje existe esta mesma possibilidade. Com a difusão da informação por meio de rádio, TV, twitter e internet, pode ser que entre as vozes há aquelas que seriam como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Cristo mesmo nos advertiu quando disse: “Nem todo o que me diz Senhor, Senhor entrará no reino dos céus…” Mateus 7:21. Para um bom entendedor meia palavra basta — “outro”. Tome cuidado com o que você ouve e segue, para que não seja “outro!”
Dr. Ricardo Sterkenburg, Diretor jubilado do Seminário Batista Regular em São Paulo